segunda-feira, 28 de março de 2011

Estudo traça as principais causas da enxaqueca infanto-juvenil

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Escrito por Leandra Rajczuk   
quarta, 24 de setembro de 2008

ImageHá quase duas décadas, em 1989, Arruda criou o Ambulatório de Cefaléia na Infância, o primeiro do gênero na América Latina. No ambulatório, desenvolveu numerosas pesquisas conduzindo em 1994 sua dissertação de mestrado. Em 1999, concluiu sua tese de doutorado, que consiste no levantamento feito com 417 crianças e adolescentes que sofriam de dor de cabeça.

Durante mais de três anos, a partir do acompanhamento de meninos e meninas, com idade entre 6 e 16 anos, que apresentavam queixas recorrentes de dor de cabeça, o especialista constatou que 94% tinham enxaqueca e apenas 1% dos avaliados apresentava problemas visuais, como por exemplo, miopia e astigmatismo.

"Desencadeada, principalmente, após longos períodos de esforço visual, pais, professores e até mesmo os médicos costumam associar a dor de cabeça aos problemas oftalmológicos, quando, na verdade, eles se mostraram raros no ranking de causas”, afirma Arruda. “A enxaqueca é hereditária. Mais de 80% dos pais das crianças com a doença estudadas na amostra também apresentavam enxaqueca.”

Segundo a literatura atual, a enxaqueca é uma doença genética que provoca alterações químicas no cérebro que tornarão esse órgão mais sensível a uma série de fatores interno e externos, que acabam desencadeando as crises de dor de cabeça típicas dessa doença. Entre os fatores externos destacam-se o excesso de luminosidade, determinados alimentos (álcool, chocolate, condimentos e derivados do leite), odores e esforço visual. Como exemplos de fatores internos, o pesquisador cita as emoções (tanto negativas quanto positivas), a menstruação e as variações do ciclo do sono (privação ou excesso do sono) “tão freqüentes hoje em dia nas crianças e adolescentes.”

Dor breve e pulsante

Os principais sintomas são dores concentradas em um lado da cabeça, náuseas, vômitos, palidez e maior sensibilidade à luz e barulho. “É uma dor que pulsa, lateja e piora com o esforço físico. Dessa forma é muito comum a criança com enxaqueca parar de pular ou correr na hora em que sente dor de cabeça. Há indícios de que as crises costumam ser mais breves na infância, com duração de meia hora ou até menos”, descreve Arruda, orientando que o melhor a fazer nesses momentos é colocar a criança para descansar em um lugar bem ventilado, escuro e silencioso.

Segundo as estimativas da Academia Brasileira de Neurologia, entidade da qual o especialista é membro titular, a enxaqueca atinge cerca de 18% da população do País. “Na parcela infanto-juvenil, as pesquisas sobre o assunto ainda são escassas, mas os dados epidemiológicos computados no estudo do HC indicam que 12% dos meninos e meninas, a partir dos 10 anos, têm predisposição genética para o problema”.

Diretor do Instituto Glia – Cognição e Desenvolvimento de Ribeirão Preto, Arruda atua nas áreas de Neurologia da Infância e Adolescência e de cursos de capacitação profissional, tendo publicado, em 2006, um guia intitulado “Levados da Breca” sobre crianças e adolescentes portadores do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, além da edição do livro “Cefaléias na Infância e Adolescência”, em parceria com Vincenzo Guidetti, lançado no fim do ano passado.





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