Dante dá uma espiada, crava as pupilas assustadas na placa acima da porta e logo conclui que chegar à entrada do inferno não foi exatamente uma boa ideia. Virgílio, seu guia, tenta acalmá-lo, mas aquela frase não sai dos olhos do viajante: “Deixai toda esperança, vós que entrais”. A cena é do canto 3 do Inferno, a parte mais famosa da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri. Mas bem que ela poderia ser de Usain Bolt - dita ao pé da orelha para cada um de seus adversários antes das provas, especialmente as de 100m rasos. Não tem jeito: deixai toda esperança, vós que correis contra o jamaicano.
Permite-se o exagero acima no dia em que o homem mais rápido do mundo comprovou que o atletismo ainda busca páreos para ele. Bolt tem o bicampeonato olímpico. Bolt tem o novo recorde dos Jogos. Bolt tem o pioneirismo de quebrar a marca olímpica duas vezes. O que Bolt não tem é um recorde mundial abaixo do que ele conquistou em 2009. E limites. Bolt também não tem limites.
Desta vez, ele correu os 100m em 9s63. Foi a segunda melhor marca que a humanidade já viu – abaixo apenas dos 9s58 que o próprio Bolt conquistou há três anos. O recorde olímpico anterior era de 9s69, alcançado pelo jamaicano em Pequim. O fenômeno ficou na metade do caminho entre um feito e outro. Automaticamente, deixou fora da pista toda esperança de vitória dos concorrentes.
E olha que eles voaram... Os primeiros sete colocados ficaram abaixo da marca dos 10s. A exceção foi o jamaicano Asafa Powell, que sentiu dores na arrancada e cruzou a linha com 11s99. A prata ficou com Yohan Blake, também da Jamaica, com 9s75, e o bronze foi para o americano Justin Gatlin, com 9s79.
E olha que eles voaram... Os primeiros sete colocados ficaram abaixo da marca dos 10s. A exceção foi o jamaicano Asafa Powell, que sentiu dores na arrancada e cruzou a linha com 11s99. A prata ficou com Yohan Blake, também da Jamaica, com 9s75, e o bronze foi para o americano Justin Gatlin, com 9s79.
DE VENTO EM POPA
Scheidt (E) chega à quinta medalha, agora ao lado de Bruno Prada (Foto: Agência Reuters)
Scheidt já tinha dois ouros, em Atlanta 1996 e Atenas 2004, e duas pratas, em Sydney 2000 e Pequim 2008. É um daqueles casos que se explicam muito mais pela abnegação pessoal do que por aspectos culturais, políticos, governamentais. A vela não é popular no Brasil. É um esporte inclusive de elite. Para entrar nele, geralmente se pega o caminho da influência familiar. Robert foi um dos muitos filhos de velejadores a entrar nos barcos ainda criança. E tornou aquilo sua vida.
Há mais de duas décadas, quando começou a velejar, Scheidt não era o melhor. Era muito bom, mas havia outros meninos no nível dele. O que o diferenciou foi a entrega absoluta ao esporte. Teve alma de competidor. Depois da carga de treinos específico, ele assombrava a todos ao pegar uma bicicleta e sair pedalando por mais de duas horas. Voltava e ia nadar. Era um doido.
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