quinta-feira, 10 de abril de 2014

Fla nas arquibancadas: decepção e coro de 'time sem vergonha'

Olhares atentos. Expressões apreensivas. A mão tapa a boca, e os rostos anseiam por explicações. Um torcedor grita quase que em silêncio: “não é possível, de novo não!”. Mas aconteceu. A eliminação do Flamengo na Libertadores, na noite de quarta-feira, reuniu sentimentos paradoxais nas arquibancadas. Os 60 mil presentes ao Maracanã experimentaram uma gangorra de sensações à medida que o placar modificava-se na vitória por 3 a 2 do León. Animação, paixão, emoção, raiva, frustração e o contundente “time sem vergonha” ao fim do confronto.

Os rubro-negros estavam cientes de sua força. Fora do estádio, os funcionários do Maracanã “imploravam” para que os rubro-negros entrassem o quanto antes para evitar tumultos. Nada feito. Os gritos de “Vamos, Flamengo” começavam já dos arredores, em alto e bom som. Aos poucos, as cadeiras das arquibancadas foram ocupadas. Quando os goleiros do León foram ao campo para o aquecimento, perceberam a pressão que enfrentariam minutos mais tarde. Talvez o som da torcida tenha amedrontado os adversários mais do que o próprio Flamengo em campo.

Flamengo x León (Foto: André Durão)A torcida do Fla não escondeu a decepção com a eliminação em casa (Foto: André Durão)

No telão, a escalação do Flamengo. Além da dupla de ataque formada por Paulinho e Alecsandro, os três jogadores que se recuperaram de lesões receberam aplausos e gritos efusivos: Léo Moura, André Santos e Elano. Este último, porém, não conseguiu agradecer o apoio da melhor forma. Com 10 minutos do primeiro tempo, o meia sentiu dores, começou a mancar e deixou de marcar um jogador do León. Resultado: vaias e mais vaias. Elano foi direto para o vestiário, e Gabriel o substituiu com disposição.

PRIMEIRO TEMPO COM CARA DE SEGUNDO 
Um lindo drible da vaca de Paulinho em um jogador do León, na lateral direita, agitou a torcida. Mas foram os 80 torcedores mexicanos que gritaram “gol” primeiro. O forte Arizala subiu mais alto do que André Santos para cabecear e abrir o placar. Os rubro-negros sentiram o golpe, mas, rapidamente, voltaram a apoiar o time com o hino. Após o jogo, o técnico do time mexicano, Gustavo Matosas, disse que ficou impressionado com a torcida anfitriã.

– Fiquei impressionado com a torcida do Flamengo. Conseguimos jogar um bom futebol contra uma equipe que tem um grande técnico e uma torcida impressionante. Maravilhosa mesmo – afirmou Matosas.

Se André Santos não subiu o suficiente para impedir que Arizala abrisse o placar, ele conseguiu se redimir oito minutos depois, com o gol de empate – de cabeça. Ele socou o ar na comemoração. Tirou a bandeirinha de córner presa ao gramado, saudou os rubro-negros. Levou o cartão amarelo. Não importava. Era o fio de esperança, e o Maracanã incendiou. 

A euforia durou apenas um inacreditável minuto. Em um contra-ataque, foi a vez de Boselli cabecear e marcar o dele para a equipe mexicana. A reação do goleiro Felipe foi apática. O silêncio dominou o ambiente. A preocupação era explícita, tanto no time quanto nos torcedores rubro-negros. O gol de Alecsandro, quatro minutos depois, colocou em dúvida todos os achismos dos rumos para os quais a partida encaminhava-se. Recebeu quase caindo, bateu, a bola desviou no marcador e enganou o goleiro. Certamente, se a equipe viesse a conquistar o título da Libertadores, esse gol seria lembrado de forma carinhosa. Era sofrido, era Flamengo. Mas a noite ainda estava na metade.

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