terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

2016: medalhista em Sydney e Atlanta vê atletismo sem renovação no Rio

Prata em Sydney 2000 e medalha de bronze quatro anos antes, em Atlanta, Édson Ribeiro percorre cidades brasileiras para massificar o atletismo. Em uma dessas passagens, esteve em Teresina (PI) no último fim de semana. Demostrando preocupação com a renovação da equipe verde-amarelo, Édson ressaltou que o atletismo brasileiro sobrevive apenas de um único protagonista. A falta de opções de competidores nas modalidades traz certo receio. Mas para Édson, o Brasil pode surpreender no Rio de Janeiro. Fazendo uma previsão otimista, o palpite para o número de medalhas em 2016 é de três a cinco.      
Edson Ribeiro, medalhista olímpico no revezamento 4 x 100 m (Foto: Josiel Martins)
Edson Ribeiro, Brasil não tem trabalho de base
- Desde 1996, o Brasil vem conseguindo um medalha por Olimpíadas. No Brasil, acho que de três a cinco medalhas. Essa projeção é otimista, mas posso até queimar a língua e pode vir mais. A modalidade perdeu o fator de renovação, mesmo tendo passado por uma evolução. Tínhamos a equipe do revezamento masculino e depois veio a equipe de revezamento do feminino. Veio Maurren no salto em distância e Fabian no salto com vara. Tivemos a época do Vanderlei Cordeiro e momentos do revezamento. Temos figuras isoladas, ou seja, você não consegue ter um grupo de mais de duas pessoas. Então isso preocupa nós atletas que fizemos parte da história do atletismo – analisa Édson, que critica a divisão desigual nos investimentos do alto rendimento e base:      

- Estamos em um país com tantas crianças e tantos jovens, com tantas possibilidades de termos dentro do atletismo, mas nós temos nomes isolados. Cada Olimpíadas, o atletismo teve um momento, uma prova. Uma época de revezamento, uma época de fundo, uma época do salto... Então isso preocupa. Se todo esse planejamento de recursos no alto rendimento der errado, novamente erraremos na base. Então para 2020 vamos ter o mesmo problema. Se não tivermos a Fabiana, por exemplo, quem vai representá-la, substituí-la? – pondera. 
Integrante da equipe brasileira nas provas de revezamento 4x100m, o ex-atleta também se dedica em um projeto social para encontrar novos reforços na modalidade. É deste tipo de trabalho de base que, segundo Édson, o Brasil precisava para quebrar com o considerado imediatismo de investimentos no esporte e, assim, ter mais esperanças de medalhas em 2016. Por isso, a preocupação do ex-competidor recai justamente aos escassos resultados da equipe brasileira nas provas de atletismo dos Jogos. Foram quatro medalhas nas últimas cinco edições olímpicas. Em Londres 2012, o país não subiu ao pódio. 
- Por isso digo que é preciso investir na base. Hoje existe a preocupação de você investir no alto rendimento. Então, você pega o atleta que está no alto do patamar para ganhar medalhas em mundiais e pan-americanos e você faz o foco nele. Só que após o momento desse atleta passar, você não fez uma plantação, não teve alguém que veio trazendo deste da base, que fica desprotegida. Por isso, nossos recursos do bolsa atleta federal, estadual e outros estão muito focados nas possíveis chances de medalhas em 2016. Onde está sendo investido em jovens, crianças e base, ou seja para aqueles que estão com 10, 15, 19 anos? – questiona Édson. 

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