O corpo, mesmo de criança, já é esguio, longilíneo. A água já é seu habitat natural. Nos olhos posicionados abaixo dos cabelos louros, já reside a obsessão por vencer - aconteça o que acontecer, vencer. O sinal da largada é acompanhado pelo salto na piscina. Cesar espicha um braço, espicha outro, bate as pernas. Precisa vencer - aconteça o que acontecer, vencer. E perde. O corpo esguio, longilíneo, passa a se contorcer em soluços. A água começa a se misturar com as lágrimas que caem daqueles olhos obcecados por vitórias. Cesar perdeu. Cesar Cielo, o futuro grande campeão olímpico, perdeu.
É uma cena da infância de Cesar, que depois viraria Cesão, que depois daria saltos de alegria em uma piscina chinesa, que socaria a água com o braço direito, que mergulharia a cabeça nela para driblar a própria incredulidade - que daria ao Brasil seu primeiro ouro olímpico na natação. Uma cena, não: várias. Mais de uma vez, o garoto não conseguiu vencer. E chorou. E até se negou a subir ao pódio. Era o primeiro lugar ou nada. Era vencer - acontecesse o que acontecesse, vencer.
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