Recordista mundial dos 100m e 200m rasos mostra bom humor na entrevista coletiva e desconversa sobre distribuição de camisinhas na Vila
O primeiro sinal de que o caminho poderia estar certo estava num muro próximo do local escolhido pela Associação Olímpica da Jamaica para a entrevista coletiva: o rosto deUsain Bolt pintado no muro de uma casa. Pouco mais de 300m depois, a pose clássica das comemorações, imitada por anônimos, apontava a direção nas paredes do amplo galpão próximo da Brick Lane, região que hoje é o centro nervoso de Londres e que no século 19 ficou marcada como cenário dos crimes de Jack, "O Estripador". Lá dentro, cerca de 400 jornalistas esperavam pelo homem mais rápido do mundo. Com sorriso aberto, chegou com 40 minutos de atraso. Culpa da viagem de Birmingham, onde treinava com a equipe, e do processo de entrada na Vila. A espera compensou. Assim como faz nas pistas, Bolt - o porta-bandeira de seu país na cerimônia de abertura -, deu show. Desta vez, sentando num banco.
Ao lado de Asafa Powell, amigo e rival, mostrou descontração. Os dois riram um bocado de vezes durante a conversa com os jornalistas. O recordista mundial dos 100m e 200m rasos não se furtou a responder perguntas sobre sua condição física. Nas últimas semanas, Bolt não treinou diante das câmeras. Desistiu de participar da última competição antes das Olimpíadas devido a uma lesão no tendão que teria prejudicado seu desempenho nas seletivas olímpicas. Na ocasião, viu Yohan Blake vencer as duas provas em que é rei. Cutucado, disse que não deixaria de ser amigo dele caso venha a ser batido novamente. Lembrou que ele e Asafa não deixaram de ser, arrancando risadas dos presentes. Foram as primeiras de muitas.
Bolt se fez de desentendido e pediu para que uma repórter chinesa repetisse a pergunta sobre se seria o fim do mundo pensar em não ser imbatível como seus fãs imaginam. Manteve-se assim, com o mesmo humor, até o fim do compromisso.
- Não será o fim do mundo. Mas não tenho pensado em perder (risos). Sei o que preciso para ser campeão, conheço a competição e meus adversários. Vim para defender meus títulos. Perder é a palavra errada. Vou ficar desapontado se isso acontecer. Meu objetivo e meu foco nos últimos dois anos foi o mesmo: vencer aqui. Sempre sou forte mentalmente e mal posso esperar para competir. Todo mundo sabe que meu grande sonho é me tornar uma lenda. Esse é meu alvo ultimamente - ri.
Simples assim. Apesar da confiança de sempre, Bolt sabe que os adversários estão na sua cola. Blake é um deles. Por isso mesmo, espera que os 100m sejam difíceis em Londres. Admite que as derrotas na reta final de preparação foram boas para deixá-lo ainda mais atento. Disse também não estar preocupado com os novos blocos de partida.
- Eu não posso definir qual era meu preparo físico naquela seletiva. Não estava no meu melhor, mas estava bem. Não posso reclamar. Eu tinha um problema no tendão, que também me causava dor nas costas. Mas isso já está resolvido. Há duas semanas e meia que treino bem e estou em condições normais para competir. Já perdi outras vezes, mas é sempre bom refletir quando isso acontece. Isso abre meus olhos, faz eu sentar, pensar em algumas coisas. Sei também que a prova dos 200m vai ser a mais rápida de todos os tempos. Aprendi a não me preocupar com a largada. Eu não sou bom na largada, nunca vou ser e tenho que fazer o que faço melhor, que é correr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário